22 outubro 2008

Araquem Alcantara

Araquém Alcântara, de São Paulo, é um dos precursores da fotografia de natureza no Brasil e um dos mais importantes fotógrafos da atualidade.

Trabalho
Dedica-se desde 1985 à documentação do povo e da natureza brasileira. Da sua produção constam:
16 livros
18 livros em co-autoria
3 prêmios internacionais e 32 prêmios nacionais
56 exposições individuais e 25 exposições coletivas
inúmeros ensaios e reportagens para jornais e revistas do Brasil e exterior
Entre 1987 e 1998, o fotógrafo percorreu todos os parques nacionais brasileiros, deste trabalho surgiu sua mais celebre obra, Terra Brasil (Editora Melhoramentos-1997) tornou-se o livro de fotografia mais vendido no Brasil nos últimos tempos, com mais de cem mil exemplares vendidos.
Produziu a capa do livro "Unknown Amazon" para o The British Museum em 2001 e fotos para a exposição de mesmo nome. É o primeiro fotógrafo brasileiro a produzir um trabalho inédito para a National Geographic, a edição especial de colecionador "Bichos do Brasil".
Atualmente prepara a publicação de três novos livros:
"Brasileiros" "Bichos do Brasil" "Amazônia, a Floresta do Mundo"

A fotografia significa um caminho de auto-conhecimento, uma poderosa arma de encontrar o mundo, de refletir e interpretar a tormentosa caminhada dos homens. Eu e a fotografia: farinha do mesmo saco.


Não consigo me imaginar sem a Nikon e a Leica na mão, sem as águas claras e correntes, sem as matas, onde o tempo só existe em relação à eternidade, sem estes rostos anônimos dos ermos, desses horizontes improváveis da Terra Brasil. Fotografia é serva da beleza, oxigênio puro."
Araquém queria ser jornalista, quem sabe escritor...


"Uma noite, no primeiro ano da faculdade, fui ver um filme japonês em que as pessoas não falavam, só o som da água, do remo, da enxada na terra, da trovoada, da chuva... Era A ILHA NUA, de Kaneto Shindo, um clássico maravilhoso. Aos poucos fui sendo tomado. Saí da sessão maldita, organizada pelo grande Maurice Legeard, literalmente abalroado, a imagem pura, síntese do dizer. Estava totalmente incomodado, mas havia algo novo dentro de mim. No dia seguinte pedi uma câmera fotográfica emprestada a uma amiga (Marinilda Dias da Silva) e saí pelo cais e pela 'boca' de Santos, clicando obsessivamente. Daí então, não parei mais."

"Fotografia é, sobretudo, percepção e o conhecimento da luz só vem depois de muito castigar os olhos, depois de muito andar. A faculdade ou o conhecimento teórico deve servir apenas para abreviar o caminho, para solucionar os segredos básicos, depois é aprender a ver, a escolher, a sintetizar. O exercício criativo é contínuo e sem fim, a verdade nova nega a anterior. As portas da percepção têm que estar constantemente abertas. O aprendiz que quer dizer alguma coisa nova tem que escolher o caminho com o coração, absolutamente íntegro e contemplar como pessoa inteira tudo o que é vivo. O exercício constante do ato de ver lhe dará, um dia, o encontro com a beleza. E a beleza é a verdade, já dizia o poeta..."

"Lembro do seqüestro de que fui vítima no sul do Pará, no rio Curuá. Estava descendo o rio desde a serra do Cachimbo e fui preso pelos índios caiapós mengranotire, junto com assistente, barqueiro e dois guias. Poderíamos ter morrido se não pagássemos resgate de R$800,00 e mais 150 litros de gasolina. Os índios estavam em pé de guerra porque tinham perdido sua grande fonte de sustento fácil: a comissão de dez por cento dada pelos garimpeiros de rio e de terra e pelos madeireiros de mogno. Eram índios bandidos, que não plantam, não caçam e não pescam mais. Estávamos atravessando o rio, próximo a suas terras, justamente alguns dias depois de uma blitz da Polícia Federal, Ibama e FUNAI. E isso, infelizmente, só acontece uma vez em cinco anos."
Araquém traz influência da fotografia de Cartier Bresson, Ansel Adams, Walter Firmo...

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