07 janeiro 2009

A arte dos fotógrafos cegos prova que cego é aquele que não quer ver.

Quem está cego, não necessariamente está morto para a luz. É o que provam alguns profissionais, que mesmo não percebendo formalmente as fontes luminosas, desenvolvem outros sentidos que lhes capacitam o enquadramento dos temas. Não se pode dizer que os cegos não sejam seres visuais, o que se pode dizer que eles “vêem” a luz de uma maneira diferente.
É o que você vai comprovar apreciando a obra dos três artistas a seguir. Seu reconhecimento não provém da condescendência oriunda deles serem cegos, mas pelo fato da sua obra carrear extraordinário talento.

1- Alison Bartlett.
Uma fotógrafa da vida selvagem cega? Como isto seria possível? Alison Barlett prova que os nossos olhos não são tudo, como reza a crença de senso comum de que somos seres visuais.

Ela, ao longo dos anos de cegueira, desenvolveu tão formidavelmente a sua audição, que se tornou capaz de captar o som emitido pela batida das asas de um pássaro em pleno vôo. Com este tipo de acuidade, ela adquiriu o dom de congelar o milésimo de instante, para transformá-lo em obra de arte.
2- Evgen Bavcar.
Por que um cego usaria óculos transparentes ao caminhar pelas ruas?

Por que ele gostaria de caminhar pelas ruas de Paris vestido com o mesmo boné preto, capa e manta vermelha usados pelo famoso cantor de cabaré Aristide Bruant, retratado pelo pintor pós-impressionista Toulouse Lautrec?
Porque ele correria o risco de dar entrevistas em programas de rádio discorrendo sobre pinturas que nunca viu?
Porque ele teria a presunção de tirar fotografias, mesmo sendo cego?

Para este sérvio, a perda da visão antes dos vinte anos não o incapacitou para as visões, que continuaram a lhe fustigar ao longo da vida.
3- Pete Eckert.
Não tento apenas descrever o mundo visível.

Tento, outrossim, mostrar o mundo que eu vejo usando meus outros sentidos, minhas memórias e emoções, assim como a sensação obtida através do tato. As pessoas não me tomam por cego depois que vêem o meu trabalho.
Considero-me uma pessoa visual, que apenas não vê sob uma compreensão restrita do verbo ver.
A excelência da obra dos três fotógrafos aqui retratados demonstra cabalmente a veracidade da máxima popular: “cego é aquele que não quer ver”.
Evgen Bavcar. Link1, Link2.

Um comentário:

Kátia A. C. disse...

Sou suspeita pra comentar pq acho que estes fotógrafos enxergam com a alma. Bavcar é minha gde paixão, rs.
Bom demais vir aqui.